Visita técnica a uma obra sustentável


Foi feita uma visita técnica em uma obra sustentável na cidade de Patrocínio/MG no dia 27 de junho de 2015.
            O objetivo da visita técnica vem junto com o novo rumo que o mercado de trabalho de engenharia esta tomando em relação ao meio em que vivemos.
           
            PALESTRA SUSTENTÁVEL
           
Atualmente no Brasil existem 1000 obras sustentáveis. Destas, 300 são certificadas e muitas contem somente partes sustentáveis e não todas as etapas de construção sustentável. Visitamos uma obra sustentável em Patrocínio – MG. A mesma foi acompanhada pela palestra do Sr. Reinaldo Caixeta Machado que é Advogado especialista em Direito Público com ênfase em Direito Ambiental e pós-graduando em Direito Ambiental e Urbanístico.
Fomos recebidos pelo Sr. Reinaldo que inicialmente comentou sobre assuntos ligados a sustentabilidade e o momento atual em que vivemos.
De acordo com seus conhecimentos, sabe-se que o assunto sustentabilidade será de grande importância para o mercado e meio em que vivemos. E que na verdade estamos atrasados quanto ao assunto. A primeira vez em que o tema foi abordado em uma reunião da ONU se deu na década de 70. A temática meio ambiente começa a ganhar nome neste momento. Quanto ao tema sustentabilidade, vê-se que a existência do ser humano se da em três momentos. Em primeiro lugar houve a preocupação a sobrevivência do ser a qualquer custo, onde a exploração e extração eram normais, comuns e fundamentais para o crescimento e avanço da sociedade. Ainda se tem bastante desta cultura extrativista. Ela marcou nossa civilização e fez parte da cultura da mesma. Neste período não havia normas para ser seguidas. Muito menos grupos de pessoas que se destacam e defendem o planeta.
             Em um segundo tempo, houve a criação de normas que se voltam para sobrevivência do planeta em primeiro lugar, para que ele nos de condições de sobreviver hoje, amanha e por muito tempo. Ainda de acordo com nossa constituição federal atual, o artigo 225 diz que a passagem no planeta por nos devem respeitar uma máxima. Na pratica, seria entregar o planeta a pessoas, que ainda estão por vir, em condições saudáveis ou melhor do que pegamos.
            Atualmente passamos por um terceiro tempo. Onde essas normas começam a ser mais fiscalizadas, acompanhadas e praticadas. Ainda estamos evoluindo esses conceitos e cultura.
Daí vem a preocupação do Sr. Reinaldo e seu sócio Salomão, em construir um prédio sustentável. Eles têm uma empresa que presta consultoria e serviços ambientais. E praticamente estão tirando do papel ideias e ideais que pregam para seus clientes. E veem que o assunto ganhará força nos próximos anos. O mercado e os profissionais, de todas as áreas de trabalho, devem se preparar para isso. Essas mudanças são necessárias para a sobrevivência do planeta e consequentemente para a sobrevivência da raça humana e toda a fauna e flora que compartilha o globo.
Segundo os dados atuais, haveria hoje, a necessidade de 1,5 planetas terras para o planeta e vivencia se manter sustentável. Ou seja, a capacidade do planeta já está extrapolada e precisamos resolver o mais rápido.
Quando se fala em sustentabilidade, se prega que há necessidade de um equilíbrio. Esse equilíbrio seria Físico, Químico e Biológico. Ele se emprega no meio em que vivemos e deve ser transportado para a sociedade a fim de torna-la sustentável e permissível à vida.  Numa obra não seria diferente. Para que uma edificação seja rotulada como sustentável, deve-se haver esse mesmo equilíbrio.  
            Muito se fala no tripé da sustentabilidade. Onde cada braço é importante para que a sustentabilidade se mantenha de pé. Os braços do tripé são formados por: Braço Social, Ambiental e Econômico.
Uma das definições de uma obra sustentável é que, inversamente de uma obra convencional, preocupa-se em fazer uma obra que as características tragam ganhos não imediatamente. As obras convencionais são imediatistas e querem atender o agora, em uma grande maioria não se preocupam com os resíduos gerados, com as formas de fabricação dos e matérias a serem empregados para a construção.
Nesta obra, por exemplo, houve uma preocupação inicial em planejamento. Nesse planejamento foi incorporado os materiais e métodos de uma construção sustentável.
Inicialmente a ideia era a construção de uma edificação onde usasse madeiras. Mas ao contratar um profissional de engenharia para execução de projeto, foram alertados da importância da sustentabilidade. A ideia apresentada foi muito aceita. Logo puseram a ideia em pratica. Soube-se que uma obra sustentável seria de 20 a 30% mais cara que uma convencional.  E também deveriam ser muito mais cuidadosos quanto aos profissionais e materiais usados na execução. Por isso a grande necessidade inicial de planejar os detalhes construtivos.
Este conceito de sustentabilidade traz a necessidade de procurar, conhecer e rastrear se realmente as etapas de produção das matérias e se seguem normas sustentáveis. Esses materiais geralmente são menos encontrados no mercado e também não se tem tantas informações disponíveis. A lei da oferta e procura é grande influencia neste quesito. Isso só ira mudar a medida que a preocupação sobre o assunto for aumentando.
Uma informação importante sobre sustentabilidade é que os materiais usados na obra não devem exceder 800 km de raio de transporte.
            A equipe de profissionais que compõem  esta obras são:
·         Engenheiro Civil – questões construtivas;
·         Arquiteto;
·         Biólogo;
·         Engenheiro Ambiental – resíduos e líquidos;

·         Engenheiro Florestal – paisagismo;


DESENVOLVIMENTO

Após a palestra foi feita a visita pelas dependências da obra, com o anfitrião explicando que tipo e origem dos materiais presentes na edificação.
A fundação foi feita de concreto, posteriormente um radier e finalmente a obra de madeira, sem grandes vínculos com a fundação.
A edificação está sendo construída sobre três níveis de terra, para que seja evitado o corte e aterro.


Todas as vigas, pilares e mãos francesas foram feitas de madeira roliça, com origem de reflorestamento e certificados ambientais. 


         Em todo telhado foram utilizadas madeiras serradas, retangulares, pois não foi possível utilizar madeiras roliças por questões técnicas. O forro acima das madeiras, foram feitos com madeira USB naval, que é a mesma utilizada para cercar obras.




      Todas as paredes foram feitas com Painel Wall onde as mesmas são feitas no seu interior de madeira e uma superfície cimentícia permitindo assim o uso nas partes internas e externas da edificação com grande conforto térmico e acústico. Também foi feito um projeto de corte, para que haja o mínimo de desperdício possível, tendendo a zero.



       O projeto foi todo pensado para que seja aproveitado o máximo de iluminação natural, evitando o gasto com energia elétrica, porém, a edificação conta com 18 painéis fotovoltaicos para produção da energia elétrica utilizada na edificação, porém, sem bateria.        A energia produzida é levada diretamente pela rede da CEMIG e a edificação fica com crédito em energia elétrica junto com a empresa energética.



            Os vidros utilizados serão temperados com películas e também vidros refletivos, que evitarão a entrada de 60% do calor e 95% do uso do ar condicionado.
            Todas as lâmpadas serão de led.

            A parte hidráulica da obra também é diferenciada, toda a água utilizada é de origem de poço artesiano e água da chuva, que alimenta 3 reservatórios, separando água potável e da chuva. Com um total de 50 mil litros.







        Todo o esgoto da edificação passa por uma pequena estação de tratamento que conta com dois tanques com bactérias anaeróbicas, que retiram 95% das impurezas antes de destinar o restante para a rede publica.


         A tinta utilizada é de origem mineral, composta de argila, terra e água. Com baixíssimo índice de compostos orgânicos voláteis e boa adesividade.


     No estacionamento foi utilizado concreto grama, para drenagem da água.



            Também houve uma preocupação de acessibilidade e humanização, sendo a primeira pelo uso de pisos táteis e recuo do gradil e construção de uma pequena praça nesse recuo.


CONCLUSÃO

        A obra em questão tem vida útil de 50 anos e terá um custo de 20 a 30% mais alto que o de uma construção convencional, mas, os mesmos tem ganhos ao longo do tempo principalmente pelo uso quase nulo de energia elétrica e água oferecidos pelas empresas cabíveis também foi notado um grande déficit na obtenção do alvará por parte da prefeitura, necessitando da intervenção da parte jurídica, que concluiu que o plano diretor não acompanha as constantes transformações do mercado e como não tem capacidade de analisar corretamente o projeto não cabe ao mesmo indeferir o projeto, necessitando assim de 8 meses para aprovação.




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