No dia 28 de setembro de 1940 foi fundada oficialmente a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), data esta que se confunde com a publicação do primeiro manual de instruções de concreto armado do país, pois no mesmo ano, o Brasil começou a fazer parte do grupo de países que tinham instruções próprias no projeto e construção de estruturas em concreto armado. Esta primeira norma, inicialmente nomeada de NB-1 e posteriormente apelidada de “velha senhora”, foi fruto de grande esforço coletivo e abnegação, para atingir a padronização, aumento da segurança e da qualidade das estruturas de concreto armado no país (DIAS e LIMA, 2011).
Em um período em que o transporte ferroviário se consolidava e exigia a construção de obras de arte em grande parte do território nacional, o uso do concreto armado em obras de arte era questionado por brasileiros e europeus, em virtude da ocorrência de carregamento repetitivo, fissuração e principalmente do interesse dos comerciantes ingleses que pretendiam continuar exportando seus perfis metálicos. Paralelamente, havia o interesse de escritórios estrangeiros na expansão do uso do concreto armado no Brasil e consequente aquecimento do mercado de construção, havendo registros de empresas estrangeiras do ramo atuando no setor já em meados de 1913 (DIAS e LIMA, 2011).
Face ao contexto histórico e ao pioneirismo no uso do material no país, a NB-1 não foi somente uma tradução dos manuais já existentes no mundo, mas sim um manual inédito com base nos estudos mais avançados na área de concreto. Parte deste conteúdo teve início no gabinete de Resistência de Materiais da Escola Politécnica da atual Universidade de São Paulo (USP), que foi responsável por iniciar a integração entre os laboratórios de pesquisas aplicadas a concreto, os estimuladores do uso do concreto armado e engenheiros europeus. A partir da união dos representantes de vários setores relacionados ao uso e estudo do concreto armado, todo este esforço foi conduzido em função da criação da ABNT e da NB-1 de forma simultânea, portanto, a NB-1 tornou-se a primeira norma da ABNT e também foi uma norma brasileira, feita por brasileiros, algo inédito na América Latina até os dias atuais (DIAS e LIMA, 2011).
A partir desse marco, o estudo do concreto armado teve continuidade e foi aprofundado lentamente, resultando em novas formulações para projeto e execução de estruturas de concreto armado, sendo que estudos na área ainda são realizados. No período de 1940, data da primeira publicação, até abril de 2014, data da última publicação, a NB-1 passou por outras três grandes mudanças, marcadas por três publicações oficiais nos anos de 1960, 1978 e 2003. Esse período também foi marcado por três significativas adequações, quais sejam: a primeira em 1980, em que foi iniciada uma parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), resultando na alteração do nome NB-1 para NBR 6118; a segunda em 1991, em que a norma ganhou caráter de lei com o recente lançamento do Código de Defesa do Consumidor; e a terceira em 2008, com a validação da norma brasileira nos padrões da Organização Internacional de Normalização (ISO).
A última revisão da ABNT NBR 6118 trouxe mudanças consideráveis ao projeto de estruturas de concreto. A principal alteração foi a adição do grupo II, compreendendo o intervalo da classe C55 à classe C90 de resistência à compressão, e a nomeação do grupo I, referente aos concretos com resistência característica à compressão compreendida no intervalo da classe C20 à classe C50. Além disso, em vários casos de cálculo foram adicionadas formulações distintas para concretos do grupo I e do grupo II, como no cálculo da resistência à tração do concreto, no módulo de elasticidade entre 7 e 28 dias, no módulo de elasticidade aos 28 dias, entre outros.
Também houve alteração nos critérios de projeto que visam a durabilidade das estruturas de concreto armado, com a inclusão da abrangência de elementos estruturais em contato com o solo. Porém as principais alterações que afetam o desenvolvimento de projetos de estruturas de concreto são as alterações relativas ao cálculo de elementos sujeitos a flexão normal simples, como lajes e vigas, sendo elas: alteração do coeficiente que representa a razão da profundidade da linha neutra pela altura útil (x/d), alteração nos domínios de estado-limite último de uma seção transversal e a adição de um coeficiente para majorar os esforços solicitantes finais de lajes em balanço com altura menor que 19 centímetros. As alterações de outros fatores também interferem nos cálculos de tais elementos, como o módulo de deformação secante e o módulo de elasticidade inicial.
5 Comentários
Qual o trabalho de DIAS E LIMA (2011) que é citado?
ResponderExcluirHistória da Normalização Brasileira. Link abaixo.
ResponderExcluirhttp://www.abnt.org.br/images/pdf/historia-abnt.pdf
estudando engenharia Civil Zildemar Auxiliar administração Hoctief 1994 .obra Cred val Brigadeiro f lima SP
ResponderExcluirEm Morumbi obra Souza Cruz Tatuapé e finalmente escola porto Seguro SP 1997 .Lab eng e vida engenharia. Apaixonado por estrutura edifício. Zildemar
Boa tarde! Muito interessante sua aula. Parabéns! Ainda é possível conseguir a NB1 de 1966?
ResponderExcluirshow de bola sua postage
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